Eastgate center
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FICHA TÉCNICA
ANO: 1991 (Projeto) 1997 (Conclusão)
LOCALIZAÇÃO: Eastgate Centre, Robert Mugabe Road, Harare, Zimbábue
FUNÇÃO: Uso comercial
ÁREA: 10700 m²
ALTURA: 37 metros, com 9 pavimentos
ARQUITETO: Mick Pearce
ESCRITÓRIO DE ENGENHARIA: Arup Group
O Arquiteto: Mick Pearce, nascido em Harare - Zimbábue em 1938, recebeu seu diploma com distinção na Architectural Association School of Architecture em Londres em 1962. Já realizou projetos na Inglaterra Zâmbia, Zimbábue, Austrália, China e África do Sul.
Arup Group: é uma empresa multinacional com sede em Londres, fundada em 1946 se propondo a juntar profissionais de diversas áreas para oferecer um serviço completo e holístico nas áreas de arquitetura e engenharia. já atuou em mais de 160 países. está presente na África, nas Américas, na Austrália, no leste da Ásia, na Europa e no Oriente Médio. Tem mais de 11.000 funcionários em 90 escritórios ao redor de 38 países.

"Esta foi uma tentativa de projetar um edifício baseado
na metáfora de um sistema vivo
mais parecido com um cupinzeiro.
Um ecossistema, não uma máquina para se viver."
Mick Pearce

BIOMIMÉTICA
O termo "biomimética" deriva do grego : bios, vida e mimesis, imitação. É, portanto, o estudo dos modelos da natureza imitando-os e se inspirando para resolver problemas humanos.
É um campo multidisciplinar que envolvem por exemplo áreas da biologia, química, física, informática e design. A natureza representa uma gigantesca base de dados de soluções inspiradas em sistemas biológicos para a resolução de problemas de diversos ramos da tecnologia. Não se trata de simples imitações ou de estética, é vendo de que forma certas funções exercidas na natureza poderiam performar se adaptadas a nossa realidade.
Na arquitetura, a biomimética busca na natureza soluções inovadoras que aperfeiçoem a eficiência do edifício em termos de estrutura, conforto resultando em economia no projeto.
O edifício Eastgate se inspirou na inércia térmica que a materialidade do cupinzeiro proporciona e em seu sistema de ventilação. Para a fachada, o arquiteto se inspirou nos cactus com suas nervuras e espinhos que reduzem a absorção térmica.

O CUPINZEIRO
Os cupins, neste caso, os do sul da África (Namíbia e Zimbábue), constroem montes imensos que podem chegar a 6 metros de altura com espessura de suas paredes de aproximadamente 45 cm. Feitos de terra e saliva, se assemelham ao concreto quando endurecem cozidos pelo sol. Dentro dos cupinzeiros esses pequenos insetos cultivam fungos (sua fonte principal de alimento) que devem ser mantidos a exatos 30,5°C mesmo com a temperatura externa variando 40°C. Esses cupins conseguem estabilizar a temperatura através de um sistema complexo de túneis de ventilação que são constantemente abertos e fechados regulando a temperatura.
Com o estudos dos cupinzeiros, os cientistas puderam entender em detalhes como as correntes de convecção cuidadosamente ajustadas, sugam o ar através da parte inferior dos montes, para em seguida subir por um túnel, direto ao topo. Assim realizam troca de gases, regulam a temperatura e umidade, podendo chegar a padrões utilizáveis na construção de edificações autorreguláveis que consequentemente geram economia.



CONTEXTO

Eastgate Center é um prédio comercial localizado no centro da cidade de Harare, capital do Zimbabwe.
Zimbabwe significa cidade de pedra, em xona, o idioma local. Fica no sul da África. Faz fronteira com África do Sul, Moçambique, Zâmbia e Botswana. Foi colônia britânica de 1890 à 1965 quando declarou sua independência e passou por 15 anos de guerrilha até ser reconhecido internacionalmente.
Desde 1987 está em uma ditadura de partido único responsável por violações generalizadas de direitos humanos.
O Eastgate é o maior complexo de comercio e escritórios do pais. Está localizado a aproximadamente 530 m da estação de metrô mais próxima, 380 metros do ponto de ônibus mais próximo e a 130 metros da United Africa Square, uma praça com grande área verde no meio da cidade. Duas ruas e uma rodovia contornam o perímetro do edifício: Sam Junoma St., Robert Mugabe Rd. e third St. É cercado por outros prédios com mercados, cinemas e comércio em geral. O clima da cidade tem grande amplitude térmica, podendo variar em 14 ºC.
DESCRIÇÃO DO EDIFÍCIO
Este é provavelmente o exemplo mais conhecido de uso da biomimética na arquitetura. Trata-se de um edifício de duas torres, ligadas por uma cobertura envidraçada onde funcionam um shopping Center na base dos dois prédios e escritórios no restante do edifício.
Os arquitetos de referem à materialidade do edifício como a combinação de duas arquiteturas: a nova ordem de tijolos e pedras e a velha ordem de aço e vidro.


A nova ordem fogem de um estilo internacionalmente glamurisado e se volta para a tradição regional e ancestral de construções em pedra. A escolha de tais materiais para as fachadas compreendem sua abordagem biomimética, sendo materiais de elevada inércia térmica. Os elementos de concreto pré-fabricado sombreiam as janelas de pequenas dimensões que reduzem a troca de calor com entre o ambiente interno e externo, fazendo que esse papel seja cumprido pelo próprio sistema de ventilação. Os elementos da fachada além de sombrear, aumentam a superfície externa que promove perda de calor para o espaço à noite e minimizar o ganho de calor para o ambiente interno durante o dia. Tais decisões em conjunto com o grupo Arup em que fizeram simulações por computador em que decidiram que as janelas deveriam ser menos de 25% da fachada, sendo lacradas para evitar poluição sonora e da imprevisibilidade da pressão e temperatura dos ventos.
A velha ordem compreende as treliças de aço, as cabines dos elevadores, as pontes suspensas de vidro e aço e o teto de vidro que compõem a paisagem interna do edifício no grande átrio que separa as duas torres. É a expressão arquitetônica da tecnologia trazida ao Zimbábue pelos colonos famintos por minerais no final do século XIX. No nível 2 há uma passarela de vidro suspensa que se liga ao nível da rua por meio de escadas rolantes. O nível da rua possui 4 acessos pelas calçadas, duas entradas para estacionamento privativo. As torres se ligam por pontes suspensas em 4 pontos do edifício, as pontes vão do 1º ao 9º pavimento, tendo em cada ponto 2 elevadores e 1 escada, totalizando 8 elevadores e 4 escadas para circulação vertical.
SISTEMA DE VENTILAÇÃO
No átrio interno o teto abobadado permite a entrada de luz que ilumina também o espaço de escritórios voltados para o núcleo do edifício. Além disso, o espaço aberto favorece brisas internas .
O edifício teve como premissa dispensa total de ar condicionados. Tendo 9 andares cada torre, os 2 primeiros andares são destinados ao comercio, sendo reservados ao shopping center. Já os 7 andares acima são destinados à escritórios.




O sistema de ventilação leva em consideração essa setorização. Acimas dos pisos comerciais, portanto abaixo do primeiro piso de escritórios, estão localizados 32 conjuntos de ventiladores de alto e baixo volume que retiram o ar do átrio por meio de filtros. Esse ar é empurrado para cima através da seção de suprimento de dutos verticais no núcleo da coluna central de cada ala de escritórios. A partir do duto, o ar fresco é conduzido para as salas através de pisos ocos para uma entrada de ar abaixo das janelas. À medida que o ar é aquecido pela atividade humana dentro das salas, ele sobe até o teto, onde é sugado pelas entradas de ar que conduzem o ar quente, percorrendo os 7 pavimentos de escritório e evacuado pelas chaminés existentes na cobertura. São ao todo 8 dutos e portanto chaminés por torre, totalizando 16 no edifício. Normalmente, os ventiladores de alto volume funcionam à noite para fornecer dez renovações de ar por hora e os ventiladores de baixo volume funcionam durante o dia, proporcionando duas renovações de ar por hora. Os engenheiros da Arup também instalaram 5 medidores de temperatura que fazer medições contínuas em pontos críticos do edifício.
RESULTADOS
O sofisticado sistema passivo permite que o Eastgate Centre tenha um consumo energético 35% inferior ao consumo médio de 6 outros edifícios com as mesmas dimensões em Harare. Além disso seu custo de total de construção foi 10% menor do que prédios convencionais com as mesmas dimensões. Mesmo com o desligamento das turbinas para eventual manutenção o sistema de ventilação continua a funcionar por convecção natural com níveis satisfatórios de conforto. Além de ser um avanço ecológico, essa economia (de cerca de 3,5 milhões de dólares no empreendimento) resulta em alugueis 20% menores que os das edificações convencionais circundantes, além é claro de todo conforto climático para seus ocupantes.
Os comentários sobre o edifício são bons, sua ventilação é muito elogiada.
O custo da sala de escritórios é de 400 USD por mês, o que corresponde a aproximadamente 2150 reais.
